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Como lidar com a angustia de viver?

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  Atribuir a responsabilidade à tradição, ou à consciência histórica ou ao espírito absoluto é a forma mais conveniente - e covarde - de buscar felicidade. Assumir responsabilidade pela própria vida não gera felicidade e sim angústia, pois é mais fácil ter alguém para culpar. Como então lidar com a angústia que é viver? Seguem alguns comentários sobre como Kierkegaard pode nos ajudar a pensar. 1- perseguimos tanto o prazer que deixamos de perceber que o que realmente precisamos está mais próximo do que imaginamos. No nível mais baixo da vida, buscamos satisfação nas coisas transitórias, finitas e temporais, porque não desejamos outra coisa senão o próprio deleite. O vazio existencial é tão profundo que não conseguimos ser gratos pelo ordinário, por isso, nada é capaz de nos satisfazer. 2- Antes de entender o mundo é necessário se conhecer em todas a suas dimensões e ordená-las, porém, não existe autoconhecimento sem o conhecimento de Deus. A dimensão fundante da existência humana é esp

Binômios da existência

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  Quem é mais espiritual, o monge enquanto ora e medita ou o habilidoso soldador debruçado em sua bancada fazendo o reparo de uma peça? A ideia de uma espiritualidade atrelada exclusivamente às práticas religiosas não é nova. A mentalidade ocidental foi edificada sobre o conceito de que toda experiência de dualidade aplicada a um caso particular é uma contradição (antinomia). Esta dualidade aflora mediante uma série de binômios: imanente e transcendente, alma e corpo, matéria e espírito, visibilidade e invisibilidade, físico e metafísico... traduzindo o espírito dessa época, uma expressão mineira representa bem os dilemas atuais, especialmente entre os jovens: “caso ou compro uma bicicleta?” De alguma maneira, mesmo que sintamos o mundo como nossa casa, ronda-nos permanentemente a sensação de nos sentirmos deslocados, sem lugar, errantes, exilados, inquietos e buscando algo a mais. Schaeffer dizia que “a verdadeira espiritualidade não é mera questão de um negativo não-fazer de qualquer

Cristo e as psicologias

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  Tantas quantas forem as visões de mundo haverá uma proposta psicológica para lidar com as dimensões psicológicas humanas em cada uma delas; percepção, comportamento, emoção, linguagem, memória, interações sociais, relações, processos cognitivos, sentimentos, consciência, inconsciente, personalidade, pensamentos... comumente chamadas de abordagens. Acusar a psicologia de humanista ou de qualquer outra coisa (no sentido mais pejorativo da palavra) como costumam fazer alguns para antagonizar psicologia com teologia, é absolutamente desonesto. Quem procura Cristo nas teorias está fadado a fracassar. Ele é quem encontrar os humanistas, os existencialistas, os racionalistas, os ateus... e até os teólogos em suas buscas pela verdade; tanto da natureza, “pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis” (Rom 1:20); quan

Dois livros: psicologia para quem sabe ler

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  Eric L. Johnson defende que uma psicologia distintamente cristã deve ser “uma sábia ciência de seres humanos individuais que inclui a construção da teoria, pesquisa, ensino, formação e diversos tipos de práticas, incluindo o cuidado da alma”; e que “essa ciência provem de um entendimento cristão da natureza humana”, distingue-se, portanto das versões de psicologias baseadas em cosmovisões diferentes. Deus exibe sua glória e bondade disponibilizando suas duas grandes obras: a revelação especial e a revelação geral. Estes dois livros, como os chamava Agostinho, proporcionam às pessoas entenderem a Deus, a si mesmo e o mundo pelas Escrituras e interagindo com o próprio mundo. O primeiro livro está acessível a quem quiser, mas sob certas condições: só pode ser lido na presença do autor e se for convidado por ele. É que iluminação da casa tem características muito particulares. O segundo fica numa espécie de biblioteca pública, conhecida como “natureza”, cujas janelas são muito grandes e

Uma liturgia para aqueles que choram sem saber por quê

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Como achar o ponto?

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  Quando penso em equilíbrio, a primeira imagem que me vem à cabeça é a de uma criança entre o sétimo e décimo mês aprendendo a andar. Na tentativa de dar os primeiros passos, ela cai para o lado direito, não percebendo o centro gravitacional do próprio corpo, cai para a esquerda tentando encontrá-lo. Esse movimento em busca da gravitação corporal é o que coloca a criança em movimento; algumas vezes com quedas. Consegue perceber que "caminhar é (des)equilibrar"? Assim como viver é experimentar as oscilações, consciente de que elas produzem experiência e conduzem à maturidade. Ninguém encontra uma vida emocionalmente madura sem que se coloque em movimento e se responsabilize pelas escolhas que faz; com base em suas crenças e valores, obviamente. Todo extremo é escravizador!